Dr. Denyei Nakazato

Dr Denyei Nakazato - oncologista clínico

Quais são as principais dúvidas sobre o tratamento do câncer? E o que acontece com os pacientes depois do tratamento?

O Dr. Denyei Nakazato é médico oncologista clínico, formado pela USP.

Atua no Hospital Santa Paula – Dasa Oncologia, em São Paulo (SP), com atendimentos particulares e por convênios de pacientes com câncer.

DÚVIDAS SOBRE A QUIMIOTERAPIA

1. O que é a Quimioterapia?

O oncologista clínico é o médico responsável pelo tratamento sistêmico (ou seja, medicações que agem no corpo todo do paciente para controle da doença).

A Quimioterapia é o tratamento com medicamentos que agem diretamente contra as células do câncer. Pode afetar também células “normais” do nosso corpo.

Em geral são venosos, o paciente comparece a um centro de tratamento e recebe a medicação pela veia.

Dependendo do esquema utilizado (com uma ou mais drogas combinadas, com maior ou menor dose), os efeitos colaterais podem ser mais ou menos intensos.

Os mais comuns são enjoo, vômitos, fraqueza, alteração de exames de sangue.

Podem ocorrer queda de cabelo, diarreia, machucados na boca, alterações nas unhas, formigamentos nas mãos e mudança de apetite.

A duração pode variar de minutos a algumas horas cada ciclo de aplicação, e depois ele retorna para casa.

A frequência varia conforme o esquema de Quimio, assim o paciente pode receber a medicação a cada 1, 2 ou 3 semanas, por exemplo.

Paciente com câncer e lenço na cabeça - Dr. Denyei Nakazato - oncologista clínico

2. Como é uma sessão de Quimioterapia?

O paciente comparece ao serviço, reporta qualquer mudança para a equipe.

Os sinais vitais são aferidos e os exames de sangue são checados.

Numa sessão de Quimio endovenosa, a enfermeira pega a veia (no braço ou por um cateter venoso) e os medicamentos são injetados, inclusive podem ser usados para prevenir enjoo, vômitos e alergias.

A duração de cada sessão varia, mas o paciente em geral fica de uma a algumas horas conosco, sentado na poltrona, vendo TV, como se estivesse tomando um “soro”.

A frequência é determinada pelo oncologista, pode ser feita por dias seguidos, ou pode ter intervalo de aplicação semanal, ou a cada 2 ou 3 semanas, por exemplo.

Se for uma medicação subcutânea ou intramuscular, a aplicação é bem mais rápida.

Quimioterapia - Dasa Santa Paula

3. O que pode e não pode fazer durante o tratamento? O que fazer no dia?

Não existe nada terminantemente proibido antes ou depois do tratamento do câncer, como uma sessão de quimioterapia.

Pode fazer uma refeição leve e tomar todos os remédios de uso contínuo (inclusive de pressão alta e diabetes).

Recomenda-se apenas bom-senso, então evitar consumo excessivo de bebida alcoólica, tentar descansar bem na véspera.

4. Precisa vir em jejum para a Quimio?

No dia do tratamento, não precisa vir em jejum, mesmo que tenha que colher exame de sangue antes.

5. Existem remédios para prevenir enjoo e vômitos?

Sim!

A náusea é uma sensação muito desagradável, que pode ser diminuída com o uso de medicamentos antieméticos (contra o enjoo).

Podem ser usados antes da aplicação da Quimio venosa e depois também em casa, por comprimidos tomados por boca.

Assim, o tratamento é mais bem tolerado pelo paciente.

6. A Quimioterapia te deixa careca?

Depende de qual remédio foi utilizado.

Alguns esquemas fazem cair os cabelos, outros não fazem cair.

7. Existe algo para prevenir a queda dos cabelos na Quimio?

Sim, existe a touca para resfriar (deixar bem gelado) o couro cabeludo.

O paciente usa na cabeça, pode ser desconfortável, e nem sempre funciona bem.

Para algumas pessoas tem um resultado bom, sem muita queda de cabelos, porém para outras não tem muito resultado e podem ficar carecas.

Mas é importante dizer que é uma fase passageira, depois do tratamento os cabelos tornam a crescer.

8. O que são as Quimios “vermelha” e “branca”?

São termos mais usados nos regimes para câncer de mama.

A Quimio vermelha inclui uma droga de classe chamada de antraciclinas.

O medicamento tem uma coloração avermelhada no “saquinho”, daí o apelido, e frequentemente é a etapa mais complicada da Quimioterapia, por causar mais enjoo, fraqueza e queda no hemograma.

A Quimio branca em geral se refere a uma classe chamada de taxanos.

Tem uma cor transparente, como se fosse água, mas também causa efeitos colaterais.

9. O que é tratamento adjuvante e neoadjuvante nas doenças iniciais?

O tratamento adjuvante é o que se faz depois de uma cirurgia com intenção de cura.

O tratamento neoadjuvante é o que se faz antes de uma cirurgia com intenção de cura.

10. O que é importante fazer na Quimioterapia oral?

Não se esquecer de anotar no calendário (no celular ou na agenda mesmo) qual dia começou a tomar e qual dia terminou, se tiver uma pausa nos remédios.

Também perguntar ao oncologista se é pra tomar em jejum, com comida ou tanto faz, se tem algum horário de preferência e se outros remédios que você já usa podem interferir na ação da Quimio.

Outra informação relevante é se vai ter que fazer exames de sangue, e anotar quais foram os efeitos colaterais, pois o oncologista pode até mudar as doses com base nisso.

11. O que é resposta ao tratamento?

É quando o tratamento está funcionando contra o câncer.

Pode ser uma resposta clínica, se o paciente melhora dos sintomas, resposta em exame laboratorial (queda de marcador tumoral) ou de imagem (por exemplo, redução de lesão vistas em tomografia).

12. O que é doença estável?

É quando a doença não aumentou nem reduziu de forma significativa com o tratamento.

13. O que é progressão de doença?

É quando a doença avançou, a despeito do tratamento.

Pode ser por piora dos sintomas, aumento de lesão que já eram conhecidas ou aparecimento de novas lesões em exame físico ou de imagem.

O oncologista vai discutir se vai ser necessária nova biópsia e/ou troca do tratamento.

14. Pode fazer esporte durante a fase da Quimio?

Sim, mas pode ser que tenha menos disposição e rendimento do que antes do tratamento.

15. Pode ter sexo depois de ter câncer?

Sim.

Apesar da possibilidade de diminuição de libido, tanto pelo estresse como pelos efeitos dos tratamentos, não tem nenhuma proibição para vida sexual ativa.

16. A Quimioterapia te deixa infértil?

Não necessariamente.

Mas muitos esquemas com mais drogas aumentam o risco de infertilidade, o que pode ser uma preocupação para quem deseja ter filhos depois.

17. Posso trabalhar durante o tratamento de câncer? Vou ser afastado?

Se estiver se sentindo bem-disposto, pode continuar trabalhando.

Mas é normal ter menos energia e concentração se estiver fazendo quimioterapia, por exemplo.

O nosso paciente tem direito a afastamento durante as consultas, tratamentos e exames.

DEPOIS DO CÂNCER

18. Qual o impacto na vida de uma pessoa depois que terminou o tratamento do câncer?

Claro que varia bastante de acordo com cada pessoa, tipo de câncer ou qual foi o tratamento realizado.

Temos pacientes que depois levam uma vida parecida com a que tinha antes do câncer, mas o retorno à rotina normal não é universal.

Depois de passar por tudo isso (descobrir a doença, terminar todo tratamento proposto), os impactos podem ser:

  • Psicológicos: pode afetar o humor, com ansiedade, medo ou até depressão, pode mudar o padrão de sono, pode prejudicar a vaidade (por exemplo, depois de uma cirurgia de retirada da mama ou quando caem os cabelos na Quimio).
  • Sexuais: pode afetar a libido, vontade e frequência de relações sexuais, pode causar infertilidade e dificuldade para ereção e lubrificação; pode ter diminuição (proposital ou não) de hormônios sexuais, levando a menopausa em mulheres ou a supressão da testosterona em homens.
  • Cardiovasculares: pode aumentar o risco de infartos do coração ou de acidentes vasculares do cérebro (derrames), principalmente se o paciente já tinha outros fatores de risco, como hipertensão, diabetes, colesterol elevado, obesidade, sedentarismo e tabagismo.
  • Sequelas do tratamento: podem decorrer da Quimioterapia (formigamento nas pontas dos dedos das mãos e dos pés, cansaço, dores, alteração em exames de sangue), da Radioterapia (sequelas chamadas de actínicas, dependem de qual região recebeu a Rádio) e/ou da Cirurgia (linfedema – inchaço no braço depois de uma cirurgia na axila, por exemplo, ou incontinência, com dificuldade para segurar o xixi ou cocô).
  • Estomias e sondas: dependendo do caso, alguns pacientes necessitam de colostomias (as fezes saem por uma bolsa, que fica colada no abdome), de bolsas ou sondas para saída de urina, de gastostomia (tubo para alimentação, direta no estômago) ou de sondas pelo nariz para nutrição.
  • Sociais: pode causar prejuízo no trabalho, além do custo financeiro de todo tratamento (comprar remédios, se ausentar para consultas, exames e internações). Sabemos que alguns ainda enfrentam problemas no casamento ou no relacionamento com os familiares, pelo estresse durante a jornada.

O acompanhamento multiprofissional, depois de tudo isso, é muito importante para reabilitação, readaptação e superação dos nossos pacientes.

19. Quais são os benefícios que podem ser solicitados por quem teve câncer?

Dentre os possíveis benefícios, estão auxílio-doença, saque de FGTS, PIS/PASEP, em algumas situações pode receber isenção para bilhete único, IRPF, IPVA, rodízio municipal de carro, IPTU.

Recomendo que pesquisem nos sites do Instituto Oncoguia ou do INCA para mais informações e dos documentos necessários, que podem variar para cada cidade.

20. Quando vou ter alta do oncologista?

Se o paciente é acompanhado por pelo menos 5 anos depois de terminar todo o tratamento, e nesse período não apresentar nenhuma piora clínica, sem sinal de recidiva (retorno do câncer), com todos os exames inalterados, pode conversar sobre a alta ou como será o seu seguimento.

O oncologista pode dar a alta ou oferecer um seguimento mais espaçado, mas depende também da política de cada serviço de saúde.

Após a alta do serviço, o paciente deve solicitar um relatório com tudo que foi realizado no período, pois essas informações podem ser muito úteis no futuro.

Para agendar uma consulta médica, clique no link abaixo para falar comigo pelo WhatsApp:

Dr Denyei Nakazato - oncologista clínico
Leia mais: Câncer: 20 principais dúvidas sobre o Tratamento

Para saber mais:

Crédito das imagens utilizadas: Freepik