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#1 Quem cuida da paciente com câncer de mama?
O médico responsável pelo cuidado, acompanhamento e tratamento é o oncologista clínico.
Conta com apoio de colegas médicos especialistas (como mastologista, cirurgião oncológico, radioterapeuta) e da equipe multiprofissional competente (como enfermagem, farmácia, fisioterapia, psicologia e nutrição).
O Dr. Denyei Nakazato é médico oncologista clínico, formado pela USP.
Atua no Hospital Santa Paula – Dasa Oncologia, em São Paulo (SP), com atendimentos particulares e por convênios da paciente com câncer de mama.
#2 Introdução sobre o câncer de mama
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Um dos órgãos mais importantes da mulher é sem dúvida a mama.
O primeiro contato do recém-nascido com a mãe é pelo seio, na amamentação. Símbolo feminino, estético e sexual, é um dos mais desejados na busca por cirurgias plásticas.
Recebe influência de hormônios e se modifica bastante na gestação e depois para nutrir e fortalecer o bebê com o leite materno.
No decorrer do amadurecimento e envelhecimento, a mama também muda de forma, aspecto e densidade.
Por todas essas modificações desenvolvidas na mama, alguma coisa pode dar errado no processo de crescimento e divisão de células, e eventualmente gerar um tumor maligno.
Infelizmente, UMA em cada OITO mulheres vai receber o diagnóstico de câncer de mama durante a vida.
A maioria das nossas pacientes tem acima de 50 anos de idade, mas pode ocorrer também em jovens e inclusive em homens (embora muito mais raro).
Mesmo assim, devemos ressaltar que todos os aspectos do diagnóstico e do tratamento avançaram muito nos últimos anos, e toda paciente deve se consultar e ser acompanhada por um médico oncologista clínico.
#3 E o que aumentam as chances de alguém ter câncer de mama?
Em primeiro lugar, ser mulher. Homens também podem ter, mas o risco na vida de uma mulher é muito maior. Além do sexo feminino, a idade é importante, pois é uma doença mais rara nas jovens.
O risco também é um pouco maior naquelas que nunca engravidaram ou que engravidaram mais tarde, nas que amamentaram por pouco tempo e nas que tiveram maior exposição aos hormônios sexuais femininos na vida (começaram a menstruar mais cedo, demoraram mais para entrar na menopausa ou fizeram algum uso de reposição hormonal).
Outras condições que aumentam as chances de ter a doença é a obesidade, ter algumas síndromes genéticas ou ter parentes que já tiveram câncer de mama (isto é, o antecedente familiar).
#4 Afinal, como se descobre que alguém tem câncer de mama?
Pode ser descoberto (diagnosticado) sem a paciente sentir nada, assintomática, com exames de rastreamento.
A mamografia é o exame mais utilizado, é semelhante ao exame de Raio-X.
Se for identificada alguma alteração suspeita na mamografia, seu médico vai solicitar uma biópsia (retirada de uma amostra) da região. Pode ser feita guiada por exame de imagem, como a mamografia ou o ultrassom. Se essa biópsia mostrar células malignas, temos enfim a confirmação da doença.
Para engajar a população a cuidar da saúde e estar em dia com os exames da mama, foi criada a campanha do outubro rosa, que hoje é abraçada e divulgada por diversos governos, empresas e pela mídia.
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A suspeita da doença também pode se dar por causa dos sintomas, quando a paciente sente que algo está errado no seio dela.
Pode palpar um nódulo endurecido, pode perceber a pele ou mamilo diferente, perceber uma secreção incomum, pode sentir uma bolinha na axila ou no peito.
Mesmo sintomas devido a acometimento de outros órgãos do corpo podem ocorrer, como dor nos ossos, perda de peso, alterações neurológicas.
#5 O que uma paciente com câncer de mama pode sentir?
- Nódulo endurecido na mama (nem sempre dói)
- Nódulo na axila (debaixo do braço)
- Mudança na pele, na forma ou no volume do seio
- Inversão do mamilo (bico voltado para dentro)
- Saída de líquido anormal ou sangue, sem estar amamentando
- Inchaço ou mama inflamada, que pode ficar espessa, endurecida, vermelha ou dolorida
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#6 Estou com câncer de mama, e agora?
O seu médico vai checar algumas características do tumor (examinar a mama, a pele, o mamilo, os linfonodos – gânglios nas axilas).
Com a biópsia, o patologista (que dá o resultado da biópsia) vai classificar melhor o tipo de câncer, com o exame imuno-histoquímico (se o tumor apresenta receptores dos hormônios estrógeno e progesterona, se tem a presença de uma proteína chamada HER2, o índice de proliferação).
Assim, o oncologista já pode ter uma ideia da agressividade do câncer e elaborar um plano de ação – o tratamento.
Além disso, vai também te solicitar exames de estadiamento (pra saber se o tumor está em fase inicial, restrito à mama, ou se identifica que ele se disseminou para linfonodos ou outros órgãos – as metástases). Essa informação é fundamental para a estratégia do tratamento.
#7 Como é o tratamento do câncer de mama?
Tratamento Local (na mama ou direcionada a uma região):
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Cirurgia
Consiste na retirada do câncer por operação na mama.
Pode ser realizada retirada parcial da mama (para tumores mais iniciais, como ressecção de um “quadrante”) ou retirada total da mama (chamada de mastectomia).
Os linfonodos das axilas podem ser também avaliados e retirados.
Na grande maioria das vezes são cirurgias seguras, com taxas baixas de complicações pós-operatórias. Como toda cirurgia, podem ocorrer dores pelos cortes, inchaço, sangramento e infecção. A internação tende a ser bem curta.
A equipe médica é composta por cirurgião ou mastologista e anestesista (para a paciente não sentir dores). O cirurgião plástico pode ser envolvido já pensando na parte estética e na reconstrução do seio.
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Radioterapia
Radioterapia é a especialidade médica que utiliza radiação ionizante para tratamento de doenças, em sua maioria malignas.
A equipe responsável pelo planejamento, execução e acompanhamento é da Radioterapia, que inclui enfermagem e físico.
O número de sessões é determinado pela equipe da Radioterapia.
Atualmente, utiliza-se como base uma tomografia, onde é feito o planejamento do tratamento.
A radiação é indolor, invisível e aplicada em um aparelho chamado acelerador linear (como no Hospital Santa Paula).
A radiação pode ser direcionada a um tumor existente para eliminá-lo ou a uma região que já foi operada, com a finalidade de reduzir as chances de recidiva.
No caso de doença avançada a Radioterapia pode ser usada para tratar metástases em ossos e cérebro.
Também é possível amenizar sintomas como dor e sangramento.
Como efeitos colaterais, a paciente pode apresentar cansaço e reações no local que for irradiado, como inflamação de pele na região da mama.
O tratamento é ambulatorial (não precisa de internação hospitalar), é realizado em dias úteis de segunda à sexta-feira e leva apenas alguns minutos.
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Colaboração: Dra. Lorine Arias Bonifácio Teixeira, médica da Radioterapia da Dasa Oncologia – Santa Paula
Tratamento Sistêmico (para o corpo todo, função do Oncologista):
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Hormonioterapia
É indicada para tumores de mama com receptores de hormônios positivos, que são a maioria das pacientes.
Em geral são medicamentos orais (comprimidos tomados por boca, todo dia).
Podem ser usados pela paciente durante anos de tratamento.
Bloqueiam a ação hormonal, que poderia estimular a proliferação e crescimento das células do câncer de mama.
Podem ser associadas a novas drogas orais (inibidores de quinases dependentes de ciclina).
Os efeitos colaterais dependem de qual medicamento foi prescrito, mas alguns podem causar dores musculares, ósseas, calores (fogachos) e podem afetar a vontade sexual e a qualidade de vida.
Devemos monitorar a saúde dos ossos (com densitometria óssea) e os exames ginecológicos.
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Quimioterapia
É o tratamento com medicamentos que agem diretamente contra as células do câncer. Pode afetar também células “normais” do nosso corpo.
Em geral são venosos, a paciente comparece a um centro de tratamento e recebe a medicação pela veia.
A duração pode variar de minutos a algumas horas cada ciclo de aplicação, e depois ela retorna para casa.
Existem esquemas semanais (paciente vem toda semana tomar a quimio) ou mais espaçados (a cada 2 ou 3 semanas, por exemplo).
Dependendo do esquema utilizado (com uma ou mais drogas combinadas, com maior ou menor dose), os efeitos colaterais podem ser mais ou menos intensos.
Os mais comuns são enjoo, vômitos, fraqueza, alteração de exames de sangue. Podem ocorrer queda de cabelo, diarreia, machucados na boca, alterações nas unhas, formigamentos nas mãos e mudança de apetite.
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Terapia-Alvo
É um tratamento direcionado para uma alteração específica (o alvo) do tumor.
Como exemplo mais relevante, temos os anticorpos monoclonais que são utilizados para as pacientes com câncer de mama com HER2 positivo.
São medicamentos em geral venosos, ou seja, aplicados na veia da paciente a cada 3 semanas.
Por ser mais preciso contra as células tumorais e afetar menos células “normais”, em geral tem menos efeitos colaterais do que a quimioterapia.
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Imunoterapia
É um tipo de tratamento para estimular e ativar a imunidade da própria paciente a combater o tumor.
Em geral são anticorpos venosos, aplicados pela veia da paciente, com intervalos a cada 2 ou 3 semanas.
Indicada ainda para uma minoria das pacientes, com câncer de mama triplo-negativo (ou seja, negativo para receptores de estrógeno, progesterona e HER2).
Está sendo cada vez mais estudada e utilizada para outros diferentes tipos de câncer, além da mama.
Pode causar efeitos colaterais autoimunes, alérgicos e inflamatórios, pela própria ação dos remédios, que devem ser monitorados de perto pelo oncologista.
Para que tudo corra bem, as nossas pacientes precisam da ajuda de várias equipes atuando em harmonia, como um time.
Por exemplo, descobre-se um tumor inicial, ela pode ser submetida a uma cirurgia de retirada parcial de mama, seguida de algum tratamento (quimioterapia endovenosa e depois hormonioterapia – remédio por boca todo dia por alguns anos, além da radioterapia para a mama).
Como foi falado, cada paciente e cada tipo de câncer vai demandar uma estratégia individualizada, que tem que ser pensada por todos envolvidos.
A paciente também tem voz ativa nesse debate, afinal é a sua saúde.
#8 As 8 principais dúvidas do consultório do oncologista:
- 1. O que eu tenho? Qual o tipo e estágio? Vou ser curada?
O oncologista consegue responder melhor considerando o resultado da biópsia e os exames de estadiamento.
A maioria das pacientes nos estágios iniciais da doença são curadas, mas outros fatores devem ser considerados nessa estimativa.
- 2. Vou ter que fazer Quimio? Meu cabelo vai cair? É muito ruim, vou ficar vomitando e passando mal?
Uma parte (mas não todas) das pacientes tem que receber Quimioterapia.
Nem todos esquemas fazem cair os cabelos, depende do regime empregado.
Apesar de ser o tipo de tratamento mais difícil em relação a efeitos colaterais, o controle de enjoo e vômitos é cada vez mais eficaz, em relação ao que era visto no passado.
- 3. Vou ter que operar? Fazer Radio? Tomar remédio por muitos anos?
Quando o câncer de mama está em estágio inicial, recomenda-se a cirurgia curativa para retirada da lesão.
Uma boa parte tem que fazer radioterapia depois (adjuvante).
Para as pacientes que tiveram tumores com receptores de hormônios, prescrevemos a hormonioterapia (medicação oral).
- 4. Vou sofrer? Minha vida corre risco?
O estágio e a agressividade do câncer de cada paciente são os principais determinantes em relação ao risco de sofrer ou de morrer.
Mas mesmo para as fases mais avançadas o tratamento oncológico está melhorando bastante, com melhor sobrevida e qualidade de vida para nossas pacientes.
- 5. Por que eu? Por que aconteceu justo comigo? O que eu fiz de errado aos outros? Será que guardei meus sentimentos e mágoas? Foi por tristeza?
Como conversamos antes, é uma doença relativamente comum, que pode acontecer com qualquer pessoa na vida.
Você não teve culpa no aparecimento da doença, não teve nenhuma relação com emoção, arrependimento ou atitude do passado.
- 6. E o que vai ser do meu casamento? Vou poder transar ainda?
A família é uma grande aliada nos momentos difíceis, e esperamos que o marido/esposa/namorado seja um companheiro em todas as etapas.
Mesmo que tenha menos libido ou vontade, não existe nenhuma proibição para atividade sexual (recomendamos uso de preservativo ou outro método, a depender da idade da paciente, tipo de tumor e de tratamento proposto).
- 7. Como falo para a minha família?
É melhor sempre falar honestamente para as pessoas que gostam de você.
A doença não precisa ser um segredo solitário, que te causa ainda mais sofrimento.
- 8. Meus filhos também correm risco? E minhas irmãs?
Para saber com mais precisão, podemos solicitar uma avaliação genética, para identificar possíveis síndromes hereditárias (emborar raras, existem famílias com risco aumentado de ter câncer).
São questões e medos compreensíveis, que passam pela cabeça das pessoas e que devem ser conversados com franqueza com o oncologista que vai conhecer o seu caso e cuidar de você.
Para marcar uma consulta médica, clique no link abaixo para falar comigo pelo WhatsApp:

- Oncologista https://drdenyei.com.br/oncologista/
- Câncer de Pulmão https://drdenyei.com.br/cancer-de-pulmao
- Câncer de Cabeça e Pescoço https://drdenyei.com.br/cancer-de-cabeca-e-pescoco
- Dúvidas, verdades e mitos sobre o Câncer https://drdenyei.com.br/duvidas-verdades-mitos-cancer
- Principais dúvidas sobre o tratamento do Câncer https://drdenyei.com.br/duvidas-tratamento-cancer
Para saber mais:
- Hospital Santa Paula https://www.santapaula.com.br/
- Dasa Oncologia https://dasa.com.br/oncologia
- SBOC https://sboc.org.br/prevencao/item/2082-outubro-rosa
- INCA https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer
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